DIORAMA "904"

Para este novo trabalho o desafio principal era o de criar algo diferente, ligado ao automobilismo a exemplo de todos os meus outros dioramas, mas que não fosse uma oficina mecânica propriamente dita. A ideia veio, seria uma representação fictícia de um departamento dedesign e desenvolvimento, era o que eu procurava, um tema simples, mas que eu ainda não havia visto representado como diorama, em nenhuma escala.

Ideia formada ... espaço, lay-out e composição do mobiliário pré-definidos, faltava agora escolher um carro, o "ator principal" para estrelar o diorama. Vários modelos me ocorreram e dentre todos o escolhido foi o 1964 Porsche 904 Carrera GTS. Ele não é lá muito popular, mas é na minha humilde opinião um dos mais bonitos modelos da marca, além de ter uma história bem interessante, a qual de forma sucinta eu escrevo abaixo.

Em 1962 a Porsche iniciou um trabalho gerenciado por Ferdinand Alexander Porsche (filho de Ferdinand Anton Ernst Porsche) para o projeto de um novo modelo sucessor do 550, e 718 para a temporada de 1964. Era mais um passo para a Porsche consolidar-se como uma marca vencedora de competições automobilísticas. Foi o primeiro carro da marca a ter a sua carroceria construída em PRFV (plástico reforçado com fibra de vidro), e também o primeiro "mid-engine", o 904 seria o começo de uma série de carros esportivos da marca, que culminaria no lendário 917.

O objetivo era a categoria 2.0 litros da FIA-GT Class, e para isso, conforme o regulamento vigente foi necessário construir no mínimo 100 unidades (carros de rua) para que o bólido fosse homologado pela entidade. Foram fabricados 106 unidades do 904/4, e vendidas ao preço de 7.425 dólares ... só por curiosidade, hoje em leilões de automóveis clássicos um 904 passa facilmente a cifra de um milhão de dólares! Além da versão 2.0 litros de 4 cilindros (904/4), o mesmo modelo também foi fabricado equipado com motores de 6 e 8 cilindros, respectivamente 904/6 e 904/8, Ferdinand Alexander Porsche tinha em seu acervo particular (até o seu falecimento em 2012) o chassis 904-001, um 904/6.

Era um carro nascido para as pistas, a versão 904/4 pesava apenas 650 kg, media 4.090 mm de comprimento, 1.540 mm de largura e 1.065 mm de altura. Era equipado com um motor 4 cilindros refrigerado a ar tipo 587/3 (bloco de alumínio) de 1.966 cc, tipo boxer, duplo camando de válvulas, com até 180 hp, e uma caixa de câmbio manual de 5 marchas.

O 904 debutaria em 1964 com vitória em Targa Florio, 1000 km de Nurburgring e Le Mans contra oponentes como Abarth Simca 2000 e Alfa Romeo Guila Tubolare Zagato. Nesta temporada o campeonato na categoria  2.0 litros estava nas mãos da Porsche.  Em 1965, o carro passaria por necessárias modificações (mais potência para o motor, pneus mais largos, novos  freios, e redução do peso da carroceria), tudo isso para manter-se competitivo frente ao recém lançado Ferrari Dino 166P. O 904 voltaria a vencer, contudo, já mostrava sinais de que deveria ser substituído.

 
Este diorama (batizado como "904") possui exatamente as mesmas pequenas proporções do diorama anterior "Italianíssimo", medindo (330 mm de largura x 300 mm de profundidade x 210 mm de altura). Composto basicamente por uma base, uma parede e colunas de suporte para as vigas treliçadas (cobertura). Seu mobiliário (mesa, bancos, prancheta e mapoteca) foram, exclusivamente feitos para esse trabalho, desenhados sob medida. A figura é da TrueScale, a miniatura usada como se fosse um modelo de argila é da Cararama (1:43), e o carro protótipo é da Minichamps (comprado como sucata e detalhado para o diorama). Tudo isso disposto de modo a tirar o máximo de proveito possível do diminuto espaço.

Marcelo Baiamonte